Thammy Miranda diz que as cantadas aumentaram depois da novela

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Thammy e sua tatuagem 'My Way' (Meu Jeito) | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia

Atriz de Salve Jorge, também revela que deseja ter filhos.

Rio -  Ela foi bailarina dos shows da mãe, Gretchen, posou para revistas masculinas, fez filme pornô e causou alvoroço quando assumiu sua homossexualidade num programa de TV em 2006. Hoje, aos 30 anos, livre de preconceitos e muitos namoros depois, Thammy Miranda vive uma fase tranquila, declara-se solteira e saboreia o sucesso de seu primeiro papel na novela ‘Salve Jorge’, em que vive a policial civil Joyce. O assédio, que ela se acostumou a encarar desde o tempo em que começou a dançar, só aumentou — principalmente as cantadas das mulheres.
“As pessoas querem saber da novela, como são os atores que trabalham comigo, mas tem um monte de cantadas também. Elas falam: ‘Policial, me revista’, ‘me prende’. Acho engraçado. Levo na esportiva, nem tem por que brigar”, conta ela, aos risos. Vestindo camiseta regata, calça jeans abaixo da cintura e tênis, Thammy é educada, fala manso, mas tem opiniões firmes. Apesar do visual masculinizado, ela não acha que sua carreira vai ficar restrita apenas a personagens gays. Admite, no entanto, que não tem o perfil estabelecido por autores e diretores de novelas para ser a protagonista romântica.
“É mais difícil me escalarem como a mocinha da história, por exemplo, do que outra atriz que seja mais feminina. Acho que só me escolheriam para fazer a mocinha se quisessem ousar. Não me encaixo. Mas vai saber a cabeça do autor!”, diz ela, que agora não tira do pescoço um cordão de ouro com uma medalha de São Jorge. “Gosto do santo. O cordão foi do meu avô. Meu pai o guardou e me deu no dia do lançamento da novela”.
Para a atriz, se um galã assumir ser homossexual, sua carreira vai correr sério risco. “Acho que se assumisse, infelizmente, ele não teria mais o papel de galã”, opina ela, que não defende que todos os gays saiam do armário. “Cada um tem que fazer o que acha melhor, do jeito como se sente melhor”. Quando revelou em rede nacional quer era lésbica no programa ‘Sabadaço’, de Gilberto Barros, na Band, há seis anos, Thammy diz que foi “tudo pensado”. A família já estava careca de saber sobre sua preferência por mulheres, mas ela acabou virando assunto de jornais, revistas e programas de TV depois de colocar na Internet uma foto que tirou com uma namorada da época.
“Achei que a história ia passar, que a galera ia esquecer, mas passou um mês e nada. Fui à TV para falar e me deixarem em paz. Não preciso esconder nada de ninguém. Eu já era muito bem resolvida em relação a isso. Só perguntei ao meu pai (o policial Silva Neto) e à minha mãe se haveria problema com relação aos meus avós, se eles se importariam”, recorda.
É claro que Thammy sofreu preconceito. “Mas isso nunca me preocupou”, garante. Na verdade, nada se comparou com a tsunami que atingiu a atriz quando a mãe descobriu que ela era gay. Gretchen deu uma surra na filha, a expulsou de casa e a levou até numa igreja evangélica para ver se o pastor a “curava”. Depois de muitas brigas, as duas se acertaram. “Minha mãe entendeu que não era uma provocação, que não era uma fase. Hoje, nossa relação é supertranquila, ela me apoia, assiste à novela sempre”, conta.
Se tem uma coisa que Thammy se arrepende nessa vida é de ter feito filmes pornôs. Mais pelo preconceito que esse tipo de produção carrega do que pelo seu desempenho em si. “Me arrependo por causa do rótulo, filme pornô. Não teria nada demais se não fosse o preconceito, porque não fiz cenas de sexo explícito”, explica ela, que na época namorava a atriz pornô Júlia Paes, estrela das produções. Mas Thammy se sentiu pior ainda quando viu a mãe se expor em três longas do gênero. “Fiquei com vergonha. Imagina a sua mãe fazendo sexo num filme! Se coloca em meu lugar”, diz, com um sorriso sem graça.
Solteira, Thammy não pretende se casar novamente. “Quando casei (com a modelo Janaína Cinci, em 2010), achava que fosse para sempre. Como não deu certo, não quero mais. Posso namorar, morar junto, mas casar, fazer festa e assinar um papel como fiz um dia, não”, afirma. Mas ela quer ter filhos. “Não tenho a menor vontade de engravidar. A minha companheira, quando eu encontrá-la, é que vai ter nosso filho, fazer inseminação artificial”, avisa. 
Roupas de homem e uma vaidade básica
Capa de revistas masculinas várias vezes, Thammy diz que toparia posar nua novamente se fosse convidada. “Acho que não ia vender tanto como já vendeu um dia, mas faria. Será? Homem tem esse fetiche?”, argumenta ela, referindo-se ao visual mais masculino. Na época em que dançava nos shows de Gretchen, ela usava modelitos curtos e decotados, o que não a agradava. Hoje, só veste roupas de homem. Mas garante que tem um lado feminino aguçado.
“Eu tenho uma vaidade normal, faço a unha, cuido do cabelo. Aí, numa entrevista, uma repórter falou: ‘Isso é higiene pessoal’. Então, é uma vaidade normal. Não tenho nada em excesso. Ah, não saio sem maquiagem... É uma vaidade básica”, diz.

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